MOMENTO

      juntei

      desejos

     e

    poucas


   palavras



Eliana Pichinine

LIDA

     enxada nas mãos


     mãos inchadas



  Eliana Pichinine

Do mundo

Japão

Plutão

Lixão


Sertão

Jalapão

Constelação


Eliana Pichinine

 
os versos

são roupas
 
que visto


pelo avesso



Eliana Pichinine

Seca

a seca

aguarda

a

saliva

do

céu


ger (minar)


Eliana Pichinine

sou terra

que deixa

rastro

sou água

que cospe

sabor

sou fogo

de todas

as cores

sou ar


de tamanho

infinito

Eliana Pichinine

  coração


é   pulmão


que  absorve


os ares


do amor








Eliana Pichinine

o que sinto

é múltiplo

e simples



Eliana Pichinine

cabia


tanta


história



na

sala

daquele


sonho...


Eliana Pichinine

COMO FITA AO VENTO *

Ela pesou apenas


o que sentia...

A balança mal tremeu


ao contato do seu pé.


A leveza de su'alma


era tanta que flutuou


como pipa pelos ares,


em rodopios coloridos.


Quem a viu, pode confirmar


o que vi, senti e bem sei:


quem se aventura na poesia


se livra dos metros e quilos


de fitas e balanças.


Ela, como pipa, como fita colorida,


livremente flutua ao vento...

Abel Sidney

8dez2014
*  Fico muito feliz com estes versos. Trata-se de uma leitura de Abel sobre o poema "Balança".


Balança


apenas

pesei

o

que

sentia


Eliana Pichinine

abracei


você


com

o

maior

tato

possível


Eliana Pichinine

Ícaro

asas


 de


 cera


somem


depressa


Eliana Pichinine

 
no canto

da sala

cacos

e versos

cacos

de versos

cacos

diversos

Eliana Pichinine

Vida

 

Vivemos

sofremos

sorrimos

erramos

acertamos

de um jeito

nosso

Eliana Pichinine

nem sempre o seu agora

combina com o meu depois

nem sempre o seu depois

combina com o meu agora

Eliana Pichinine

 tiramos

água

de

pedra

a

cada

beijo

nascente


Eliana Pichinine 

Quebrado

amor quebra-galho

é galho quebrado

Eliana Pichinine

tinha

jeito

de

cor

o

que

sentia

por

ti

Eliana Pichinine 

Estamos

sem

espaço

para

o

mundo

real?


Somos

fictícios

de

verdade?


Eliana Pichinine

SILHUETA

 

Parecia

alada

aquela

mulher


Somente

as madeixas

cobriam

seu corpo

Vestia

sensualidade

O mar

sussurrava

em seus pelos

A cada 

olhar dela

para o  horizonte

surgiam

cenários pictóricos

Quando percebi

ao meu  redor

outros

da minha espécime

aguardavam

também descobrir

como voar

com os pés

na areia

A força

da lua

  regia

a dança

daquele corpo

Ela não pedia

aplausos

nem tampouco

o céu

Queria apenas 

 aprender 

a sorrir

com a 

felicidade

e a

aceitar

os reveses

do seu coração 

Começou 

pelo  toque

no rosto

 Aos poucos

sentiu

a garganta

soar em silêncio

e

as emoções bombearem 

em seu peito

Naquele instante

o  pouso aconteceria

gradativamente

Eu e os outros

pássaros 

tocamos em 

suas mãos

e 

enfeitiçados

por tamanha 

beleza

fechamos os olhos

e também aprendemos a flutuar

sem que nenhum bater de asas acontecesse

Eliana Pichinine

chorei

até


o

último


soluço


lavei

a

dor


com

água

e

sabão


Eliana Pichinine

  olhava

mas

não

percebia


Eliana Pichinine

coração

arredio

não

conversa

mais

com

o

arrebol

Eliana Pichinine

falei

com

o

silêncio

que

ecoa 

em meu 

peito

disse

pra

ele

dormir

um

pouco

ou

mudar

de

travesseiro

colar

a

sola

do

sapato

e

seguir

seu

próprio

rumo

não

esperar

por

minha

decisão

pois

desconheço

a

trilha


Eliana Pichinine

quando

descobri

que

o

meu

astronauta

coaxava

nunca

mais

vivi

no

mundo

da

lua


Eliana Pichinine

Sem

não

sabia

o

que


sentir

Eliana Pichinine

DEPENDURADA

o

que

prende

o

corpo?


o

que


desprende

a

alma?


Eliana Pichinine

ESPAÇOS

desfiz

passos


internos


no


caracol

de

ideias


Eliana Pichinine

BRECHÓ

 

Coração

em

bom

estado

saltita

na

chita

Eliana Pichinine

Fomos


estrondo



Rachamos

certezas



Sorvemos

o

vendaval


Juntamos

faíscas



Refizemos

o

querer



Revelamos

pulsações



Mergulhamos

no

rio

de

Heráclito



Eliana Pichinine

JOGO DA VELHA

Os

dois


querem

ganhar



Na

ausência

de

vencedor

somos

um

eterno

jogo

da

velha


Eliana Pichinine

a

entrega


aconteceu


quando


desembrulhados


ficamos


Eliana Pichinine

desaprender conquistas

revela descompasso


sou feita de laços

que só refaço

quando viram nó




Eliana Pichinine

Matei

a

saudade!


Foi

certeiro


Sem

tempo

pra

defesa


ficou

desfalecida

quando

chegaste!


Eliana  Pichinine

Decisões


não deixam


de (ser) cisões



Algo parte


para dar lugar


a outras partes



Eliana Pichinine

ESPAÇO

NOTEI


ESPAÇO


NO


PEITO:


TUA PRESENÇA!


ELIANA PICHININE

amor


gato


pingado


não


faz

miau


Eliana Pichinine

Virei a página?

Certas vezes

a página vira


sem pedir

licença


É a vida

das coisas


Eliana Pichinine

TRÔPEGO

Pensamento


trôpego


so
lu
çou


Eliana Pichinine

SECA

lágrima mole
lágrima dura


tanto cai
até que seca


Eliana Pichinine

PAIXÃO

   Ama(rra)r

    o

 superlativo



Eliana Pichinine

CROQUI

rascunhei

a cintura

do poema

quando

olhei

você


Eliana Pichinine

seu perto

é tão longe

pra mim




Eliana  Pichinine

CURVAS

Embalei
teu
sorriso
em
meus
braços

Minhas
curvas
sorriram


Eliana Pichinine

APATIA

  não

entendo

 a sua

apatia

diante

da

c  o    r   r   e   r    i    a

dos pulsos





Eliana Pichinine

BILROS

Os


dias


são


bilros


imaginários


Eliana Pichinine

OLHOS

Vidros


entreabertos


piscam




Frágeis


transpiram



lágrimas


Eliana Pichinine

4 anos do blog!

O blog http://versoseanversosfotogenicos.blogspot.com.br/ está completando 4 anos.

Agradeço o carinho dos leitores!

Poder conversar através da poesia é uma grande alegria.


Grande beijo!


Eliana Pichinine

OPÇÕES

Quebra-cabeça do coração


Quebra-mola do pensamento


Quebra-queixo da angústia




Eliana Pichinine

PONTO DE VISTA

   Círculo vicioso

  Quadrado vicioso

   Retângulo vicioso


  Triângulo vicioso



 Eliana Pichinine


in: PICHININE, Eliana- Retrrós, Ed. Multifoco, Rio de Janeiro, 2011.

PEDREIRA

Lapidei


pedras


de


dúvidas


até


esculpir


asas


Eliana Pichinine

Madrugada


é


noite


encharcada


de


dia

Eliana Pichinine

Concha

 

Seu

queixo

feito

concha

molda

a

face 

da 

lembrança

Eliana Pichinine

coração


acordando


boceja


teu

nome



Eliana Pichinine

CAVALGANDO

Beijo


selado


cavalga


no


ritmo


do


coração


Eliana Pichinine

ÁLBUM

Lembranças

          amareladas
   
         avermelhadas

          rosadas
 
        umedecidas

        azuladas

      acinzentadas

      ensolaradas




Eliana Pichinine

in: PICHININE, Eliana- Retrós, Editora Multifoco, Rio de Janeiro, 2011.

FASES

Amei

feito

menina

de

primeira

viagem


e


desamei

feito

cobra

criada


Eliana Pichinine

CORAÇÃO

O que

sinto

por ti

guardo

no

melhor

canto 

da 

casa


Eliana Pichinine

OLHAR

   Tua


   pele


decora



versos

ensaiados

em

cada

olhar


Eliana Pichinine

      Queria muito

      ficar  contigo

     e adormecer

     receios nossos


      mas


a campainha tocou

as contas chegaram


Preciso dormir

pra acordar a realidade


Eliana Pichinine

  

sem dizer


aos quatro


ventos


devolvo


pétalas

à


brisa


Eliana Pichinine

BATICUM DAS IDEIAS

arranquei


vísceras

das

palavras


Eliana Pichinine

Antes soubesse eu

o que fazer com estrelas na mão.

Se dilacerar-lhes a ponta

ou simplesmente não tocá-las.

Se estão perto cegam meus olhos.

Se estão longe as desejo.


Antes soubesse eu

o que fazer com estrelas na mão.


Hilda Hilst 


in: HILST, Hilda - Baladas (org. Alcir Pécora), Ed. Globo, São Paulo, 2003.

DECISÃO

Declarar

o


meu


amor



Decisão

verde

pronta

pra

amarelar

Eliana Pichinine

ACONCHEGO

De lá

pra cá

nosso conto



De cá

pra lá

nosso canto


Eliana Pichinine

in: PICHININE, Eliana - Retrós, Editora Multifoco, Rio de Janeeiro, 2011.

SARAU RETRÓS COM A LÍNGUA SOLTA!

Com muita satisfação divulgo a quarta edição do Sarau Retrós com a Língua Solta!

Grande abraço,

Eliana Pichinine

RUÍDOS

Gosto 

do

ruído

da

pele

de

nós

dois

Eliana Pichinine

FAXINA

Presente

passado

a limpo




Eliana Pichinine

Engano meu

 

O engano

é meu

ninguém

 tasca

é capa

de chuva

em dia

ensolarado

é cama

dormindo

e a  insônia

de pé

é sorriso 

num 

dia 

enferrujado

 

é amor

imaturo

camuflado

é lágrima

na face

pela secura

dos olhos

é esperança

teimando

 

por um

regador

é brincadeira

que 

virou 

verdade

Eliana Pichinine