sexta-feira, 27 de outubro de 2017

amor, papel de pão e amoras


cerejas embrulhadas

num papel  de pão
e um bilhete 

foi assim que
recebeu 
notícias 

enquanto lia

mastigava o carmim
vagarosamente

tentando injetá-lo

na corrente sanguínea


d`alma
Eliana Pichinine




quarta-feira, 25 de outubro de 2017

domingo, 22 de outubro de 2017




 
bastava aquele jeito
de dizer que apesar de tudo
guarda os dias ensolarados
e também os arrepios
das horas de frio que soubemos aproveitar
Eliana Pichinine

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Luz



 
apesar

do blecaute

(no olhar)

ainda assim

haverá fotossíntese

 

Eliana Pichinine

                                   

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

sábado, 23 de setembro de 2017

Lembranças

 
 
 

fitando a linha do horizonte

com olhar de anzol

tento fisgar as gargalhadas

               do meu pai

 

 
Eliana Pichinine

 

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Pares




 
            tenho pares

de sapatos

que não uso

sempre



alguns pares
     de manias
    tenho usado 
    bastante


os pares
      de saudade
      ainda não sei
   onde guardar





Eliana Pichinine

sábado, 9 de setembro de 2017

poema



 
 
o alérgico
sentiu o pólen no ar
 
o enamorado
sentiu  o coração na boca
 
 
o alérgico enamorado
sentiu que estava encrencado
 
mesmo assim pegou
as flores que nasciam de seus
pensamentos e entregou o poema
 
 
 
Eliana Pichinine
 
 

tempo




 
 

 
ontem entardeci desde cedo
hoje quero sentir até tarde
o azul  e o amarelo brincando
no céu
 
 

 


Eliana Pichinine

 

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Dentro

os passarinhos

lá fora
nem percebem
que cantam

aqui dentro
       

Eliana Pichinine
vestiu-se de sol

e dedilhou o resto das notas

que couberam

em cada lembrança


Eliana Pichinine

quarta-feira, 19 de julho de 2017




Quando alguém

faz com o sentimento

o mesmo que o cão

quando cava a terra

com o  osso  na boca 

quer silêncio
na  palma do coração


Eliana Pichinine

terça-feira, 18 de julho de 2017

segunda-feira, 17 de julho de 2017

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Paisagens do cotidiano





entre dois morros

o poente


entre duas margens

o rio


entre dois carros

a mulher agachada


não era parto de cócoras

e nem dança

era  o asfalto

servindo

de sanitário


ela


estava “em casa”

e concentrada

parecendo alheia

aos sons da rua

continuou “invisível”

 

precisando sobreviver

fez do corpo

o seu escudo
 

 

Eliana Pichinine

terça-feira, 4 de julho de 2017

Tristeza


 


quanto mais
eu sumia
mais ela ficava

com o sorriso
        no canto d`alma
parecia uma hiena
                                 
                                          Eliana Pichinine

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Passando


Enquanto ele passa a gola
o drama mexicano passa na tela
Um tipo de amor parecido
com a realidade que vivencia

Aguardará
o próximo capítulo
Para os punhos
terá  as abotoaduras
reluzentes que
ganhou
no dia dos namorados
A gola ?
Ficou impecável

            Eliana Pichinine

sábado, 1 de julho de 2017

Buraco


 no fundo

d` alma

 

tudo

alfinetando

 

  

apenas

parecia

morar lá

 

 
                                      
                                          na verdade
estava
 
 do lado  de fora

 

não cabia mais

na própria

silhueta

 


 

Eliana Pichinine

 

sexta-feira, 30 de junho de 2017

quinta-feira, 29 de junho de 2017

 de todos

os atropelamentos

  o mais grave

  foi quando

estraçalhou

a autoestima

Eliana  Pichinine

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Rua

A rua escuta

os lamentos dos cães

e das mães sem leite

para amamentar

a prole

 

as famílias que têm as calçadas

como sala de estar

 

 o tilintar dos sinos da Catedral

o beijo de enamorados atrás das árvores

 

as enchentes carregando os pertences

daqueles que  quase nada possuem

 
 

o pneu das bicicletas roubadas

que passeiam em frente à casa dos

que foram assaltados

 

as moedas  caindo no bueiro e nunca

mais voltando para o menino que

pretendia comprar a sua tão desejada

revista em quadrinhos

 

a pulseira da moça que por distração

deixou cair 

 

os coturnos dos policiais

armados de ódio agredindo

servidores públicos que lutavam

pelos seus salários

 

as rodas de skates

que  tentam driblar o trânsito e se esquecem

de que a vida é preciosa

 

o pisotear de bebês aprendendo a andar

 

o barulho de folhas secas

 

o rio transbordando de bronquite

e cuspindo o lixo das cidades



Eliana Pichinine