domingo, 29 de maio de 2011

Na rua

Quase tropecei


Abaixo de meus olhos


e ao lado


de meus pensamentos corridos


havia um expressivo


rosto infantil


Ele dormia sem pressa


no colchão de pedra


coberto de piche


Suas feições tranquilas


destoavam do frio


daquela manhã



Corpo seminu



em formato



de concha



Olhos cerrados



Cílios atentos



Vida de rua



Eliana Pichinine

4 comentários:

  1. “Quase tropecei
    Abaixo de meus olhos
    e ao lado
    de meus pensamentos corridos”
    Eliana Pichinine
    http://versoseanversosfotogenicos.blogspot.com
    “Afinal, quem são os civilizados e quem são os bárbaros?”
    ASSIS FURRIEL
    http://blogdochicofurriel.blogspot.com
    “Quase tropecei”. Quantas vezes andamos pelas ruas de nossa vida sem ter o olhar para o outro. Subimos escadas, entramos em elevadores, abrimos portas, fechamos janelas, nos conectamos, mas não nos vemos. Fechamo-nos nesse pequeno mundo de nossa bem pequena existência. “Abaixo dos meus olhos e ao lado”, todos os dias, se procurarmos veremos as mãos, olhares, sonhos inacabados. Enquanto isso nossos olhos estão além da nossa alma, estão projetados para um infinito que mais parece um ponto projetado em uma tela com uma perspectiva limitada por essa nossa civilidade. “Meus pensamentos corridos” não nos permitem parar para refletir, algo que há muito não ousamos, algo que, com a velocidade das informações de nossa vida frenética, ocorre em poucos momentos, como ao ler uma linda poesia ou um belo texto como estes acima. ”Afinal , quem são os civilizados e quem são os bárbaros?” Que civilidade essa que nos corrói a humanidade? Que civilidade essa que nos faz cegos ao outro?
    Nelson Marques

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  2. Eliana,

    estive por um bom tempo pra comentar esse texto. Esse tema é por demais inquietante e pelo visto, tem estado muito presente em seu dia-a-dia.

    Orar, pedidindo à Deus pelos pobres de tudo e fazer alguma coisa, pequena que seja, por alguém ou numa tarefa do bem, é o que eu tenho procurado fazer para aliviar essa aflição.

    Sinto que esse poema não me extraia sorrisos, somente lágrimas!

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  3. Nelson,

    Gostei da sua sensível análise acerca da temática em questão.
    Obrigada pela participção e parabéns pela criatividade.

    bjs!

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  4. Assis,

    Este poema foi criado em 9 de junho de 2010. Infelizmente é um tema ainda muito atualizado e por isso sempre nos dá a sensação de que é infinito...
    Pelo menos na rua em que eu vi a cena descrita não tenho visto mais essa situação. Talvez pela atuação da prefeitura naquelas redondezas.
    bjs!

    bjs!

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