sexta-feira, 22 de março de 2024

 para Cláudia Abreu *



talvez um pouco
de Virgínia more aí:
num olhar 
profundo
e na beleza 
de uma talentosa mulher 
que brilha 
com profundas 
imersões  sobre a vida 

com licença poética 
diria que um palco todo seu 
acolhe o  movimento 
corporal de suas palavras 


eliana pichinine 

* em homenagem ao monólogo : Virgínia 

terça-feira, 19 de março de 2024

 ampulheta 

 
alada 
engasgada
e também 
encantada
respira 

e não necessariamente 
na mesma ordem 
recomeça  
a cada dia 

eliana pichinine  




quarta-feira, 6 de março de 2024

 rastro


a combinação letal 
nunca foi a mistura 
do leite com a manga 
mas sim  
a crença nesse perigo

o rastro  
da escravização
impregna mentes 
e tenta cerrar esperanças

mas há também 
o rastro das rodas
ancestrais 

rodemos


               eliana pichinine









domingo, 3 de março de 2024

 

o dia está colorido

além do azul celeste

o branco e o azul marinho

em cima das casas:  caixas-d’água  

parecem uniforme de escola pública 

do município carioca

outras pitadas de cor passeiam por aqui

o verde nas montanhas ao longe

e nas árvores que ainda não foram

cortadas por órgãos oficiais da prefeitura

o cinza dança na textura dos prédios

e nas fumaças dos automóveis

o sol e as sombras na calçada

trabalham juntos

os telhados seguem monocromáticos

conforme os blocos de montar cidades

que as crianças costumam brincar

 

rondando a janela do poema

 a brisa

soprou aquarelas?

 

eliana pichinine