idade

ela vem e vai não sabe ser a mesma muda de asa a cada ano Eliana Pichinine

quando caio de penhascos percorro sensações intransferíveis que me levam a lugares incômodos e necessários para aquele momento depois as cicatrizes aparecem e contam tudo nem ouso retrucá-las Eliana Pichinine

eros

pés encostados mãos cúmplices olhares recíprocos melodias internas soprando nos ouvidos da pele Eliana Pichinine

instante

que passe como um córrego e fique na lembrança feliz de algo que fez a pele brilhar o corpo brindar e a vida sorrir Eliana Pichinine

assumiu suas contradições dores preconceitos rudezas alegrias sorrisos quando pulou na própria vontade de tornar-se mais argila e menos aço Eliana Pichinine

sem tato encostou no coração alheio fingindo que não sabia Eliana Pichinine

zona de conforto
hora de confronto?

zona de confronto
hora de conforto?

Eliana Pichinine

zona de conforto

hora de confronto?

Eliana Pichinine

quando me reinvento calço asas Eliana Pichinine

silêncio!

calado

cava

o

sentimento

com a palma

do coração


Eliana Pichinine

sabia chegar
mesmo ficando
lá do outro lado

Eliana Pichinine

coração

contundido

cambaleia







Eliana Pichinine


poesia

é olhar você

dormindo

e segurando

a minha mão



Eliana Pichinine


MLivre de vírus. www.avg.com.

com a alma acesa
recomeçava voos
sentia o arrepio gostoso
de quem sabe o que não
quer mais

Eliana Pichinine

a pressa

apressa

a sua calma?

Eliana Pichinine

quando a dor  é fruto 

da força de alguém invadindo o seu corpo

e a sua vida 

a pergunta é imediata:

como você se sentiria? 


os discursos

misóginos

homofóbicos

transfóbicos

e tantos outros representantes do preconceito

não cabem em meus versos

Eliana Pichinine 

Você sabia que a expectativa de vida de pessoas trans  no Brasil fica em torno de 35 anos? E a causa é assassinato!!!
Fonte : https://antrabrasil.org/category/violencia/  

casa de botão

quando encaixa

vale a pena
a moradia

Eliana Pichinine

poema da liberdade

a mesma chegada

o mesmo sumiço

o mesmo retorno

a mesma desculpa

a mesma piada 

a mesma risada 

as mesmas perguntas

as mesmas respostas

a mesma falta de empatia

a mesma falta de cuidado

o mesmo olhar para o próprio umbigo



ela deixou de ser a mesma



o silêncio que antes era sombrio

passou a ser libertador

ele não cabia mais na vida dela

e ponto final


Eliana Pichinine

dissonantes

gosto
quando os seus acordes
não rimam com os meus
e mesmo assim dançamos

Eliana Pichinine

um olhar
delicado
disSOLve
rachaDURAS


Eliana Pichinine

sorriso

quando
pétalas
resistem
ao vendaval

Eliana Pichinine

taxidermia

sentimento empalhado
não cabe em coração
de peito aberto


Eliana Pichinine

o sabiá canta

a nuvem passeia

e o cavalo trota


de vez em quando

o coração sorri

e os olhos brilham


nem tudo

cabe


em

molduras


Eliana Pichinine

vivia as próprias emoções

como se fossem 

unhas cortadas

e

lançadas à própria sorte


quem saberá o por quê? 



Eliana Pichinine 

violência

mais uma bala
menos uma vida

até quando?
Eliana Pichinine